domingo, 27 de novembro de 2011

A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES

Vou repassar aqui um e-mail que recebi. Acho que vale a pena ler.
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A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES

sábado, 26 de novembro de 2011

Nobres alunos, familiares, companheiros, colegas e demais pessoas que acompanham o trabalho dos profissionais do magistério. Acredito que todos estão vendo pela TV e jornais o problema sério que pelo qual está passando a escola pública e os professores. Não estou referindo-me às agressões físicas covardes patrocinadas pelo poder executivo e legislativo, que por si só já são crimes hediondos, mas a destruição total da carreira de professor.

Esta quase impossível continuar sendo professor nesta cidade, neste estado e neste país. Por que uma profissão que todos afirmam ser muito bonita e vital para a sociedade não atrai os jovens? Se é tão importante, por que um grande número de professores competentes estão deixando, abandonando, pedindo as contas e indo dedicar-se a outras atividades? É falta de dedicação, de vocação e de amor por esse trabalho? NÃO! NÃO É POR CAUSA DISSO!!!

Educação de qualidade é condição indispensável para a garantia de um futuro mais digno e livre para a sociedade. É a educação que pode melhorar o futuro. Mas, e o futuro dos professores? Por incrível que pareça estes NÃO TEM FUTURO!

Quando entramos em qualquer empresa ou quando sonhamos com um trabalho, uma profissão; nosso desejo é que este trabalho seja valorizado e garanta uma condição digna de vida para nossa família. Sonhamos com um trabalho que nos dê a possibilidade de crescermos enquanto indivíduos e exercermos com segurança material nossas potencialidades.

Para nós professores, este sonho, estas possibilidades estão sumarizadas no que se chama CARREIRA. Um governo sério procura não apenas respeitar o plano de carreira dos professores, mas melhorá-lo para que estes tenham as condições reais para desenvolver seu trabalho com qualidade.

E o que estão fazendo os governos? Exatamente o contrário. Estão piorando o que que já era ruim. Retirando direitos e precarizando ao máximo a carreira do magistério. De uma coisa os senhores e senhoras podem ter certeza: quem decidir ser professor atualmente saiba que caso não seja herdeiro de pelo menos um barraco, você vai morar na rua pois com o salário que ganhamos mal da para pagar um aluguel!

Se você decidir ser professor saiba também que não terá tempo para viver, pois todo ele será dedicado à salas de aulas lotadas e aos três turnos que você terá de trabalhar se quiser pagar suas contas sempre atrasadas.

Se você quiser ser professor saiba ainda que seus sábados e domingos serão dedicados a corrigir trabalhos escolares e se sobrar tempo, o que é quase impossível, talvez dê para elaborar aulas para o dia seguinte.

Se decidir ser professor, prepara-se para adoecer seriamente. Depressão por não ter tempo para dedicar-se aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Depressão por ser ridicularizado pelos governos de plantão e vez por outra ser chamado de vagabundo por algum deputado(a). Depressão por não poder nem ler um livro ou fazer um curso de aperfeiçoamento. Síndrome do Pânico por saber que corriqueiramente será alvo de agressões psicológicas, morais e físicas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. Não esqueça que você pode perder a visão pelos efeitos do gás de pimenta que sempre será usado caso queira reclamar.

Se decidir ser professor saiba que a única possiblidade de mellhoria salarial é através da ascenção funcional consequida com estudos de pós-graduação. Pagos por você. Com os novos projetos de leis elaborados pelos governos e aprovados pelos parlamentos, o aumento é menor que o benefício pago pelo bolsa-família.

Se você decidir ser professor não esqueça que é a carreira de nível superior que possui os menores salários do país.

Se você decidir ser professor da escola pública e tiver que ser obrigado pelo governo a entrar em greve, saiba que o poder judiciário sempre julgará o movimento ilegal. Não se iluda. A lei nunca está nosso lado.

Na escola privada a situação não é muito diferente. O professor que reclamar de alguma coisa é sumariamente demitido. Na verdade essa é também a vontade dos governos estaduais e prefeituras.

E se você pensa que o sindicato da categoria é combativo e sempre sairá em sua defesa, ESQUEÇA! Nosso sindicato é uma vergonha, uma lástima. Sempre se alia aos governos de plantão contra os professores.

E aí? Tá afim? - Espero que sim. Se ainda existe um pouco de conhecimento científico, cultural e artístico nesta nação, agradeçamos as professores, que mesmo diante deste caos resistem bravamente. Contra tudo e contra todos. Os professores que ainda estão de pé merecem respeito. São eles os maiores defensores da educação. Mas, por mais competentes, sonhadores e combativos que sejamos, não é possível vencermos sozinhos. Cabe a esta sociedade: pai, mãe, avô/avó, trabalhadores sair em defesa dos professores.

OS PROFESSORES ESTÃO EM EXTINÇÃO.

HENRIQUE GOMES DE LIMA - PROFESSOR

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CARTA DOS PROFESSORES À COMUNIDADE

CARTA DOS PROFESSORES À COMUNIDADE

POR QUE ENTRAMOS NA GREVE E POR QUE A SUSPENDEMOS COM MOBILIZAÇÃO DURANTE 30 DIAS?
Cenário desolador: professores da rede pública de ensino do Ceará fora das salas de aula por 63 dias. Embora adiada a greve geral, teve, no entanto, que ser deflagrada em 5 de agosto de 2011, devido ao descumprimento da Lei Nacional do Piso, sancionada em 2008 pelo Supremo Tribunal Federal. Desde lá, lutamos por sua implantação, mas com repercussão na carreira do magistério, a fim de valorizar a formação profissional, conforme merecem antes os estudantes que da escola pública necessitam. Em assembleia geral, 7 de outubro, foi suspensa a greve por 30 dias, porém com mobilização. Com nova assembleia marcada para 11 de novembro, fez-se uma trégua em favor das negociações. Na verdade, uma imposição do governo Cid Gomes, que não negocia com categoria em greve.
NINGUÉM QUER NEM GOSTA DE FAZER GREVE!
Não se conhece quem queira ou goste de fazer greve. É prejudicial a todos. Prejudica estudantes e suas famílias na falta das aulas. E nós professores, dentre os prejuízos, sofremos o desconforto das agendas exaustivas de greve que acontecem quase sempre é na rua, ao invés de estarmos na escola, contribuindo para a formação estudantil. Compromisso de greve significa desgaste emocional, inclusive das horas ao sol sem resposta às reivindicações. Assim foi o episódio da quarta-feira, 28 de setembro, com agenda de concentração na pracinha do CEART e ida prevista ao Palácio Abolição. Inesperadamente precisamos de lá correr à Assembleia Legislativa, onde seria votada a mensagem do projeto de lei que destruiria a carreira de professor no Ceará.
Votação desastrosa de 36 votos dos deputados contra o magistério e 4 a favor, restava a sanção do governador que a propôs. Sancionou-a. Mas aquele dia da votação, 29 de setembro, conhecido como “a quinta-feira sangrenta” pelos meios de comunicação locais, nacionais e estrangeiros, consideramos de todas as necessárias manifestações a que causou mais indignação. Fomos todos agredidos. Nem só simbolicamente, mas com derramamento de sangue. Professores apanharam, sofreram humilhações e até spray de pimenta, perante os olhos antes cegos da imprensa que, “sensacionalistamente”, tudo então noticiou. Atestado o desrespeito a profissionais que lutamos, sim, porém de modo pacífico, pelo cumprimento de direitos, um dever do Estado.
Mais circunstâncias degradantes não faltariam. Basta-nos, porém, citar a “quebra” que a greve promove no cotidiano. Muda, não só a vida dos estudantes e de suas famílias, mas a nossa que, por exemplo, na proximidade do período natalino, já caminharíamos à conclusão do ano letivo, e o que temos? Apenas indefinição, temor, mesmo com a valentia e a unidade, diante das imposições de um governo irresponsável até com seus compromissos de campanha.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS NEM FRACOS. ESTAMOS MOBILIZADOS, MESMO DANDO AULAS.

Neste momento delicado surgem afirmações generalizantes: 1. para os alunos tanto faz ter aula ou não; 2. estudantes e pais não compreendem a luta dos professores; 3. são poucos professores à frente do movimento; 4. professor em greve é individualista. Nenhuma das afirmações constitui verdade. Professor não quer nem gosta de greve. Estudante conhece os prejuízos de vivê-la. Ambos querem e precisam das aulas. Certamente entendem que a responsabilidade das greves é do governo imediatista que não prioriza a educação pública, escolhendo obras no estilo “faraônicas” que resultam em propagandas enganosas, em vez de investir e esperar para colher os frutos projetados ao bem maior de um povo: sua educação.
Certificando o visível descaso a este bem, há dinheiro para metas bilionárias como centro de eventos, aquário, reforma do Castelão. Mas, enquanto categoria, não estamos sozinhos nem fracos. Estivemos mobilizados por 63 dias e continuamos, mesmo dando aulas. Greves acabavam e não se discutia mais. A mobilização durante as aulas abre debates políticos inéditos.
Na trégua, persistimos na melhor estratégia de articulação, através da forte representação dos professores nos encontros zonais, semanalmente realizados, além de mais programações do sindicato APEOC: Plenária da Educação do Estado do Ceará, 24/10; e Marcha Nacional pelo Piso, Carreira e PNE (Plano Nacional de Educação), em 26/10; dentre outras valiosas ações da Rede de Zonais.
Debatemos com professores, estudantes e pais a opção pela “operação tartaruga”, não somente a fim de reduzirmos as aulas, mas para esclarecermos cotidianamente a comunidade escolar, inclusive sobre a possibilidade de retorno à greve, após a assembleia geral do dia 11, caso o governo não aponte solução já protelada.

O QUE ESPERAMOS?

Esperamos que o governo nos responda como merecemos, merecem os estudantes e suas famílias. Esperamos o entendimento de que não somos intransigentes, conforme levianamente mostram as propagandas de uma realidade que ninguém conhece. Esperamos o cumprimento do que é constitucionalmente obrigatório ao governo, este, sim, responsável por danos resultantes do desinteresse pela melhoria da escola pública de qualidade, debate constante nas disputas eleitorais. Esperamos o apoio dos estudantes, pais e de toda a comunidade escolar da região, pois decerto reconhecem o valor dos profissionais que somos. Jamais nos doaríamos a uma luta tão séria, se não fosse por necessidade. Não é, portanto, uma busca só de aumento salarial, mas é uma defesa coletiva da escola pública e dos que dela necessitam: nós professores, os estudantes e suas famílias.