segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Proteção desmedida. E a população, como fica?

Bloqueio no tráfego agrava o caos no trânsito

Polícia e AMC cercaram o entorno da sede do governo para proteger o prédio de um protesto de professores
Quem precisou passar, ontem, pelas proximidades do Palácio Abolição, enfrentou grandes congestionamentos. É que todo o entorno do equipamento foi bloqueado pela Polícia Militar e pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) com objetivo de proteger o prédio de uma manifestação que era realizada por professores da rede estadual. Até quem não estava no ato foi impedido de passar, mesmo a pé.
A medida gerou revolta em transeuntes, que tiveram de andar mais para chegar ao seu destino. "Isso é um absurdo, fui impedida de andar em vias públicas. Não me deixaram ir nem no prédio e nem na loja. O Brasil é um País democrático, o cidadão tem direito de ir e vir", reclamou a pedagoga do Ministério da Educação Tatiane Lima, 46 anos. Segundo ela, o que mais revoltou foi a justificativa dada pelos policiais. "Eles disseram que eu não poderia passar da barreira, por questões de segurança, mas quando perguntei se seria a segurança da população, eles responderam que não, que é a segurança das autoridades", relatou.

O vendedor Thiago Diogo Jacinto, 22 anos, que fazia entregas na casa de clientes, também foi impedido de seguir pela Avenida Barão de Studart. "Não me deram nenhuma justificativa, só não me deixaram passar. Fiquei surpreso, não sei o que está acontecendo", afirmou.

O bloqueio do tráfego abrangeu o quadrilátero entre as Ruas Deputado Moreira da Rocha, Dr. José Lourenço, Tenente Benévolo e Nunes Valente, que fica três ruas antes do Palácio da Abolição. Professores e alunos se concentraram no cruzamento das Ruas Deputado Moreira da Rocha com Avenida Barão de Studart, separados por um pelotão de policiais militares e por uma grade de isolamento.

Desproporção

Mesmo se tratando de uma manifestação pacífica, sem confrontos, chamou a atenção o aparato de segurança montado, inclusive com a presença do Batalhão de Choque. Foram deslocados ao local três caminhões de policiais. Claudete Carvalho, professora do Estado há dez anos, avalia que era muita segurança para uma manifestação. "Agora tem rua própria para o governador, a gente não pode nem andar a pé. A via, que é pública, agora é dele", ironizou.

Estudantes também marcaram presença. Foram cerca de 12 alunos do Liceu de Caucaia e 40 da EEFM Antonieta Siqueira, no bairro Jóquei Clube. A banda Fanfarra, que só toca no 7 de setembro, foi à manifestação chamar atenção da sociedade para o problema educacional.

Na próxima segunda-feira, 22, uma nova Assembleia Geral da categoria será realizada às 15h, no Ginásio Paulo Sarasate, quando definirão pela continuidade ou não da greve e a agenda de atividades

Repercussão

Anísio Melo, presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), diz que, em vez da repressão, os professores querem negociação. "Queremos garantir que a nossa carreira não seja atacada, que os nossos direitos sejam respeitados e que o professor tenha valor", destacou.

Thiago Pinheiro, presidente da Comissão de Direito Sindical da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), ressalta que, se o objetivo do bloqueio foi inibir o direito de manifestação dos movimentos sociais, a OAB é contra, pois um movimento pacífico não pode ser tolhido.

O Governo do Estado, através da assessoria de comunicação, informou que o bloqueio foi organizado por causa do protesto e que o objetivo era garantir a proteção tanto do Palácio da Abolição, que é um prédio tombado, quanto da população e dos manifestantes.

LUANA LIMA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste

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